A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo participou, no dia 24 de maio, no IV Encontro Nacional das Famílias, subordinado ao tema “Financiamento Global em Saúde Mental”, que se realizou no Cineteatro Paraíso, em Tomar.
Anabela Freitas, presidente da CIM do Médio Tejo e da Câmara Municipal de Tomar, abriu a sessão, acompanhada por Joaquina Castelão, presidente da FamiliarMente e Miguel Xavier, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental.
“Entendemos nós, presidentes de Câmara, que devemos de ser sujeitos ativos no nosso território”, começou por afirmar a presidente da CIM do Médio Tejo, tendo vincado que os autarcas do Médio Tejo “pugnam por um território inclusivo” e querem “passar à ação” no que diz respeito à Saúde Mental.
O dia prosseguiu com um conjunto de especialistas, da área da saúde, da ação social e da política local e nacional, que se dedicaram aos painéis “Sobrecarga das Famílias na Doença Mental Grave”, “Financiamento da Saúde mental” e “Cuidados Continuados na Saúde Mental”.
A Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIM do Médio Tejo, coube a intervenção sobre “A Saúde Mental no Médio Tejo”.
Na ocasião, o secretário executivo começou por referir o trabalho intermunicipal que ainda está por encetar ao nível da Saúde Mental no Médio Tejo, dando conta que se “pretende que se criem, em parceria com as entidades da região, áreas de atuação para a Saúde Mental, de modo integrado e intermunicipal” e “pretende-se definir linhas de orientação priorizadas para a reorganização dos serviços, respetivo financiamento e minimização das assimetrias”.
Estes objetivos são determinantes na medida em que no âmbito do trabalho com o doente, o cuidador e a família foram identificados um conjunto de constrangimentos, “ao nível das estruturas regionais e dos recursos humanos para o acolhimento de doentes mentais, que muitas vezes acabam por ser encaminhados para Lisboa, Coimbra ou Leiria”. Assim, “é preciso intensificar as parcerias com os cuidados de saúde primários e, obviamente, com as estruturas de reintegração do doente mental”.
A região do Médio Tejo apenas dispõe de Serviços de Apoio à Saúde Mental no âmbito do Centro Hospitalar do Médio Tejo - Serviço de Psiquiatria, e do Agrupamento de Centros de Saúde Médio Tejo - ACES do Médio Tejo. Neste sentido, Miguel Pombeiro apresentou um conjunto de propostas na deteção, no apoio e no acompanhamento e pós tratamento da doença resultantes de um levantamento efetuado junto dos parceiros regionais que têm responsabilidades no âmbito da saúde mental.
Numa primeira fase, ficou presente a mensagem que é essencial que se crie uma Equipa Comunitária de Saúde Mental, face à extensa área da região do Médio Tejo e que preveja a devida intervenção e respetivos financiamentos para o Centro Hospitalar do Médio Tejo e o ACES do Médio Tejo.
Outro objetivo passa pela criação de uma Residência de Apoio Máximo para proporcionar a continuidade dos cuidados em saúde mental de forma digna, para diminuir o número de reinternamentos e o agravamento da doença, mantendo os doentes junto da sua comunidade. E, por último, que se crie uma Rede da Saúde Mental do Médio Tejo - Rede SAME MT para a conveniente e eficiente articulação intermunicipal de todos os intervenientes desta temática na região.
Não menos importante, e tendo em conta o trabalho que o CHMT e o ACES do Médio Tejo vêm desenvolvendo, será igualmente importante considerar uma Residência Autónoma de Saúde Mental e as Unidades Sócio Ocupacionais para dar a adequada continuidade aos cuidados em saúde mental, nomeadamente a determinados doentes sem suporte familiar ou social, cujo número é significativo no Médio Tejo.
Por último, Miguel Pombeiro deixou presente a mensagem que os “atores locais e regionais estão sensibilizados para a questão da prevenção e do investimento a fazer-se na Saúde Mental”, reconhecendo que neste “território há muito por fazer”.
